Desafios enfrentados pelo SUS no pós-pandemia

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Desafios enfrentados pelo SUS no pós-pandemia

O Sistema Único de Saúde (SUS), orgulho do Brasil e referência internacional em saúde pública, enfrenta diversos desafios nos dias de hoje.

Além de todas as questões inerentes ao atendimento de uma população de 203 milhões de habitantes, a recente pandemia de Covid-19 e as crises econômicas global e local contribuíram para agravar a situação, que sempre foi complexa.

Um dos principais problemas atuais é o aumento da demanda sobre o SUS.

Ainda vivemos uma fase de recuperação após a sobrecarga imposta pela pandemia ao sistema de saúde, que teve que se adaptar rapidamente para responder à emergência sanitária sem precedentes, além de continuar prestando serviços não relacionados à Covid-19.

O setor de saúde também enfrenta um grande desequilíbrio de custos, o que acaba causando forte inflação.

Os avanços tecnológicos, as crises globais, a demanda crescente por serviços de saúde e principalmente a escassez de recursos acabam pressionando os custos.

A Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) no Brasil, apurada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), chegou a 23% no ano passado [1].

Os planos de saúde privados são um importante instrumento para desafogar o SUS, mas o setor enfrenta uma crise sem precedentes, com prejuízos operacionais consecutivos, que chegaram a mais de R$ 11 bilhões no último ano [2], aumento no índice de sinistralidade e exponencial crescimento no número de idosos beneficiários, que chegaram a mais de 14% do total [3].

Diante destes fatores, é praticamente certa uma alta nos valores dos planos, o que pode resultar em uma migração de parte da população e mais sobrecarga no SUS.

Outro ponto crucial é a falta de investimentos públicos em atenção primária à saúde.

Este é o nível mais básico de atendimento e, quando bem estruturado, consegue resolver até 80% dos problemas de saúde da população, sem a necessidade de encaminhamento para serviços de maior complexidade.

No entanto, historicamente, o Brasil tem priorizado a alocação de recursos para os níveis secundário e terciário de atenção, uma escolha que acaba sobrecarregando o sistema de saúde como um todo, já que problemas que poderiam ser resolvidos na atenção primária acabam se agravando e necessitando de atendimento em hospitais e unidades de emergência, serviços estes mais caros e limitados [4].

A fim de superar os desafios atuais, é indispensável que sejam adotadas políticas que garantam mais investimentos em saúde primária, bem como ações que possam amenizar os efeitos da crise econômica e da pandemia sobre o sistema de saúde.

Para nós da FIDI, uma instituição sem fins lucrativos que atua em parceria com o sistema público, elevar a qualidade de atendimento da rede pública é uma missão diária e uma oportunidade de transformação.

Por meio de parcerias estratégicas, investimento em tecnologia e uma gestão cada vez mais eficiente, é possível superar estes problemas e proporcionar atendimento de qualidade para todos, priorizando o cuidado, a precisão e a humanização.

Os desafios são muitos, mas com o esforço conjunto de profissionais de saúde, gestores e sociedade, é possível fortalecer o sistema de saúde e garantir a continuidade e a qualidade dos serviços prestados à população brasileira.

 

Referências

[1] VCMH/IESS. Disponível em: <bit.ly/3KfrqPn>

[2] Planos de saúde registram prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões em 2022. Disponível em: <bit.ly/3pWSJar>

[3] Evolução do número de idosos em planos de saúde no Brasil nos últimos 10 anos (2013 a 2022). Disponível em: <bit.ly/471Dpd8>

[4] Análise histórica dos critérios de financiamento do sus no âmbito da atenção primária à saúde: uma revisão integrativa. Disponível em: <bit.ly/4734IUi>

 

* escrito por Simone Vicente Reis, CEO da FIDI.

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