A indissociabilidade entre saúde humana, saúde animal e equilíbrio ecossistêmico

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A indissociabilidade entre saúde humana, saúde animal e equilíbrio ecossistêmico

Primeiramente, quero reforçar o prazer de fazer parte da Revista Primme Saúde. Tenho certeza de que o Grupo Primme irá contribuir muito para o desenvolvimento da gestão na área de Saúde.

O conceito de saúde preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é muito arrojado quando se diz que Saúde não é somente a ausência de doença, mas o completo bem-estar físico, mental e social. Isso inclui muitas variáveis além da dor e do adoecimento de algum órgão.

Recentemente, a OMS inovou novamente ao criar o conceito de saúde única. Esse conceito foi brilhantemente cunhado ao considerar a indissociabilidade entre saúde humana, saúde animal e equilíbrio ecossistêmico.

Esse conceito surgiu a partir de propostas de organizações internacionais, como a própria OMS, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para a alimentação e Agricultura. (FAO), admitindo, finalmente, o que por muitos anos não foi reconhecido: a ligação entre o meio ambiente, a saúde animal e a saúde humana. É uma brilhante visão transdisciplinar, multisetorial, transcultural e por fim global.

Podemos dizer que o mundo se tornou-se uma grande “aldeia” e a facilidade de deslocamento para ir e vir dentro torna tudo integrado, como podemos observar durante a pandemia a dificuldade de isolar algum território.

O conceito atual sobre saúde humana foi disseminado após a Segunda Guerra Mundial, no ano de 1948. Na época, a OMS lançou o primeiro conceito de cunho universalista: Saúde é o estado de mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças.

Essa definição orientou políticas, legislações, pesquisas e, sem sombra de dúvida, podemos afirmar que conduziu a área com importantes ações.

Porém, a evolução é um processo contínuo até ser interrompido por algo mais consistente pelo ponto de vista de novos paradigmas.

Faz-se necessário aceitar e entender as interações entre humanos e animais.

Muitas mudanças acontecem em função de novas definições de políticas, legislações, pesquisas e criação de ações interativas inéditas na história da saúde humana.

O conceito remonta à antiguidade grega, quando Hipócrates, considerado o pai da Medicina, defendeu a ideia de que a Saúde Pública estava ligada a um ambiente saudável. Hipócrates era mesmo um grande visionário. A sociedade científica demorou mais de 2 mil anos para verificar a autenticidade de sua informação.

Diante disso, como ficam os efeitos no mundo da gestão contemporânea?

Podemos concluir que a equipe será composta por maior diversidade de profissionais, atuando de maneira sinérgica, preparados para intervir no momento certo e conseguir sucesso no tratamento do paciente.

É interessante observar o raciocínio mais amplo para a questão. Vejamos o seguinte exemplo: para o alimento chegar à mesa, ele passa por diversas etapas em que o médico-veterinário faz parte, como:

  • zoonoses (influenza, raiva, leishmaniose, toxoplasmose, leptospirose e arboviroses, entre muitas outras) podem ser transmitidas diretamente pelo contato entre pessoas e animais ou, indiretamente, por vetores, pelo consumo de produtos de origem animal contaminado ou por meio de resíduos da produção que podem contaminar a água e todo o ambiente.

A grande migração de pessoas e urbanização desenfreada aumentam o risco de transmissão de doenças e até mesmo a configuração de epidemias e pandemias. Mudanças climáticas podem trazer de volta doenças já erradicadas além de favorecer a multiplicação de agentes transmissores e, consequentemente, favorecer o risco do aparecimento de novas doenças.

Nesse novo conceito, é necessário o cuidado com o ambiente em que os animais vivem, sua alimentação, manejo e sanidade. Esses fatores estão ligados diretamente à saúde humana.

O que nos espera são rupturas em procedimentos já estabilizados. Os gestores devem vislumbrar grandes mudanças em seu modo de trabalhar.

Para o gestor aplicar a máxima da administração (planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar) será necessário antes buscar conhecimentos sobre o conceito de saúde única e mapear as ações necessárias advindas desse novo paradigma.

O primeiro passo pode ser treinar a sua equipe e propiciar a educação referente a esse assunto para a comunidade assistidas pela instituição.

 

  • Artigo escrito por Marcia Mariani, CEO da SIA – Serviço de Inteligência Ambiental

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