Médicas são maioria, mas ganham menos: desigualdade salarial é realidade na medicina

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Médicas são maioria, mas ganham menos: desigualdade salarial é realidade na medicina

Dados da Receita Federal, divulgados pela Demografia Médica do Brasil 2023, mostram que a renda mensal dos médicos em 2020* era de R$ 30,1 mil. Os números apontam que, entre 2012 e 2020, houve uma queda de 7,2% nos rendimentos destes profissionais. Mas e a desigualdade salarial?

Os profissionais entre 51 e 60 anos de idade foram os que tiveram maior salário registrado, chegando a receber, em média, R$ 41,2 mil.

Já os médicos entre 19 e 30 anos informaram receber R$ 12,2 mil, e os de 31 e 40 anos, R$ 24,8 mil.

O estudo, por outro lado, aponta desigualdade salarial entre os homens e as mulheres da medicina.

A renda do médico homem em 2020 foi de R$ 36.421, enquanto a das mulheres foi de R$ 23.205. Ou seja, o equivalente a 63,7% do rendimento declarado pelos homens.

A diferença também ocorre nas faixas etárias dos gêneros. Na faixa de 41 a 50 anos, a renda declarada pelas médicas representa 65% da renda dos médicos.

Essa diferença não acompanha o processo de feminização da medicina no país.

Isso porque a proporção de mulheres médicas declarantes de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) subiu, passando de 42,5%, em 2012, para 47,1%, em 2020. Em 2020, as mulheres já respondiam por 57,5% dos novos registros de médicos recém-formados.

Ou seja, mesmo sendo maioria, elas ainda sofrem com a desigualdade salarial.

Desigualdade salarial

Além disso, homens declaram rendimento superior em todas as faixas etárias, enquanto as mulheres têm variações menos flexíveis.

Até os 30 anos, elas declaram, em média, 82,7% do rendimento dos homens, diferença que se amplia para faixas etárias intermediárias, voltando a diminuir nas idades mais avançadas.

A diferença salarial entre homens e mulheres não é exclusiva da medicina, e acontece em todas as áreas do mercado de trabalho.

Até mesmo em cargos de liderança  e direção não existe isonomia salarial. Porém, essa postura das empresas é vedada pela legislação.

A própria Constituição Federal do Brasil declara, no Artigo 5º, que “todas as pessoas são iguais perante a lei”. O Artigo 7º “veda a diferenciação de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”.

Logo, caso a mulher se sinta prejudicada com a disparidade de salários, ela pode ingressar com uma demanda judicial para que sejam respeitados os seus direitos.

Um artigo divulgado pelo site Folha Vitória afirma que 11% dos cargos executivos nas empresas de tecnologia do Vale do Silício nos Estados Unidos são ocupados por mulheres.

Nenhuma das cinco grandes empresas de tecnologia dos EUA – Alphabet, Apple, Meta, Amazon e Microsoft – já teve uma mulher como CEO. É um potencial que deve ser explorado.

Outro problema

As demissões logo após a licença-maternidade, o que faz com que muitas mães, embora bastante qualificadas, percam seus empregos.

A desigualdade salarial é uma das principais barreiras que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, porém, ela pode ser enfrentada com algumas iniciativas.

Uma boa saída já aplicada em alguns ambientes, por exemplo, é reivindicar políticas públicas neste sentido; ainda, apoiar projetos que se dedicam à causa, dando publicidade para elas; e finalmente, através da promoção da paridade salarial.

O caminho pode ser desafiador e longo, mas dá resultados.

Artigo escrito por Júlia Lázaro, fundadora da Mitfokus.